sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Frei Tito de Alencar


Assumiu a direção da Juventude Estudantil Católica em 1963 e foi morar em Recife. Em outubro de 1968, Frei Tito foi preso por participar de um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna. Foi fichado pela polícia e tornou-se alvo de perseguição da repressão militar.

No dia 04 de novembro de 1969, foi preso juntamente com outros dominicanos pelo delegado Sérgio Fleury, do Dops. Durante cerca de trinta dias, sofreu torturas nas dependências deste órgão, de onde foi levado para o Presídio Tiradentes.


[editar] As torturas
No início de 1970, Frei Tito foi torturado nos porões da chamada “Operação Bandeirantes”. Na prisão, ele escreveu sobre a sua tortura e o documento correu pelo mundo e se transformou em símbolo de luta pelos direitos humanos. Em 1971 foi deportado para o Chile e, sob a ameaça de novamente ser preso, fugiu para a Itália. Em Roma, não encontrou apoio da Igreja Católica, por ser considerado um “frade terrorista”. De Roma foi para Paris, onde recebeu apoio dos dominicanos.

Traumatizado pela tortura que sofreu, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico. Seu estado era instável, vivendo uma agoniada alternância entre prisão e liberdade diante do passado.

Para se ter idéia de como o seu trauma era terrível, saiba de uma história ocorrida em sua vida: Uma vez, em pânico, recusou-se a entrar no convento e os frades chamaram o frei Xavier Plassat. Ao encontrar Tito, no meio da chuva, assustado e escondido atrás de uma árvore, dizia que Fleury não o deixava entrar no convento. Xavier então pediu a Tito para tomar café com a "autorização de Fleury" (segundo a visão de Tito). Ao entrar no carro, Xavier pediu para Tito esperar no carro enquanto buscava alguns agasalhos. Quando Xavier voltou para o veículo, Tito estava fora do carro (escondido na mesma árvore) e assustado, como se Fleury tivesse entrado no automóvel.


[editar] O fim
No dia 10 de agosto de 1974, um morador dos arredores de Lyon, encontrou o corpo de Frei Tito, suspenso por uma corda. A causa da morte – suspeita de suicídio – tornou-se um enigma.

Foi enterrado no cemitério dominicano Sainte Marie de La Tourette, em Éveux. Em 25 de março de 1983, o corpo de Frei Tito chegou ao Brasil. Antes de chegar a Fortaleza, passou por São Paulo, onde foi realizada uma celebração litúrgica em memória dos mortos pela ditadura de 1964: o próprio Frei Tito e Alexandre Vannucchi. Cercado por bispos e numeroso grupo de sacerdotes, Dom Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa de corpo presente acompanhada por mais de quatro mil pessoas. A missa foi celebrada em trajes vermelhos, trajes usados em celebrações de Mártires.


[editar] A agenda
Poucos dias antes de morrer, Frei Tito escreveu na sua agenda:

«São noites de silêncio
Vozes que clamam num espaço infinito
Um silêncio do homem e um silêncio de Deus.»

Do site: Wikepidia

Irmã Adelaide Molinari


Irmã Adelaide Molinari, filha de agricultores, Salvador e Cecília Molinari, nasceu em Garibaldi-RS, aos 02/02/38, mudando-se, ainda menina, para Palmeira das Missões-RS. Trabalhava com a família na roça. Aí descobriu sua vocação religiosa. Com o apoio de seus pais, foi morar com as Filhas do Amor Divino. Estudou. Tornou-se Irmã e assumiu o Carisma da Congregação: estar a serviço dos mais necessitados.

Irmã Adelaide foi uma das primeiras Filhas do Amor Divino que se dispôs a trabalhar nas Missões, no Pará. Chegou em Eldorado aos 08 de abril de 1983 com mais duas Irmãs para ser presença de Igreja no meio daquele povo pobre, sofrido e necessitado.

A 14 de abril de 1985 foi cruelmente assassinada à bala, em meio a muita gente, na Rodoviária de Eldorado, após missão cumprida aqui na terra. Havia solicitado passagem para regressar a Curionópolis, onde se encontraria com as demais irmãs e de cuja comunidade era coordenadora.
Nesta oportunidade esperava-a o mais traiçoeiro gesto humano: o assassinato. Ali ela se encontrou e conversou com o Delegado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá-PA, o qual estava sendo visado e foi, neste momento, vítima de atentado. Irmã Adelaide só teve tempo de dizer:"Meu irmão, não faça isso", quando o pistoleiro, insensível, detona o tiro fatal, que fez a bala atravessar o tórax do líder sindical, sendo mortal para Irmã Adelaide, atingindo-a no pescoço, por onde derramou todo seu sangue.

O sangue de Mártires é sementeira de novos cristãos. O sangue derramado de Irmã Adelaide gera nova vida para o Reino.



Última oração da Irmã Adelaide com o povo
Escuta, ó Pai, a nossa prece.
Teu Filho Jesus venceu a morte e continua vivo no meio das comunidades cristãs.
Que também nós possamos ser fortes como Ele.
Que ninguém fuja da luta, nem mesmo com ameaça de morte.
Que saibamos ficar atentos às necessidades da comunidade.
Que, de hoje em diante, ninguém mais fique desamparado.
Alimenta, ó Pai, a nossa fé, para que não te neguemos em nossa ação.
Por Jesus Cristo, Teu filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

(Extraído do livreto distribuído pela Província N. S. Anunciação quando do centenário de morte de Madre Francisca Lechner)



Irmã Adelaide Molinari

16/04/85
A comunidade estava reunida em volta do símbolo da violência, a sua veste ensangüentada, e ficou decidido que a roupa que ela vestia não seria lavada, mas preservada.

22/04/85
À tarde, fomos a Eldorado (2Km) onde a Eucaristia foi celebrada com a participação das pessoas da localidade. Depois, em procissão, levando uma cruz que trazia escrito o nome da Ir. Adelaide, fomos ao local onde ela foi baleada. O clima era de emoção. Orações, leituras e cantos se seguiam repetindo o refrão: "Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão". No exato local onde caiu assassinada havia um coração de flores. No centro do coração estavam escrito: "Irmã Adelaide, nossa saudade é e será eterna!"
A cruz, com o nome da Ir. Adelaide, estava na parede em frente ao local onde ela recebeu a bala mortal.

22/05/85
Celebrando o trigésimo dia do seu falecimento, no Km 30, foi realizada uma significativa procissão; nós oferecemos o anel e a medalha da Irmã Adelaide, como sinal da sua dedicação ao reino de Deus e à Congregação das Filhas do Amor Divino.

Chico Mendes

Ainda criança começou seu aprendizado do ofício de seringueiro, acompanhando o pai em excursões pela mata. Só aprendeu a ler aos 20 anos de idade, já que na maioria dos seringais não havia escolas, nem os proprietários de terras tinham intenção de criá-las em suas propriedades. [1]

Iniciou a vida de líder sindical em 1975, como secretário geral do recém-fundado Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. A partir de 1976 participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos "empates" - manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organizava também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos.

Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, e foi eleito vereador pelo MDB local. Recebe então as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se identificava com suas lutas.

Em 1979 Chico Mendes reúne lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande foro de debates. Acusado de subversão, é submetido a duros interrogatórios. Sem apoio, não consegue registrar a denúncia de tortura que sofrera em dezembro daquele ano.


Representantes dos povos da floresta (seringueiros, índios, quilombolas) apresentam reivindicações durante 2º Encontro Nacional, em BrasíliaChico Mendes foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e um dos seus dirigentes no Acre, tendo participado de comícios com Lula na região. Em 1980 foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros da região, que procuraram envolvê-lo no assassinato de um capataz de fazenda, possivelmente relacionado ao assassinato do presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia, Wilson Sousa Pinheiro.

Em 1981 Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua morte. Candidato a deputado estadual pelo PT nas eleições de 1982, não consegue se eleger.

Acusado de incitar posseiros à violência, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus, e absolvido por falta de provas, em 1984.

Liderou o 1º. Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro de 1985, durante o qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. A proposta da "União dos Povos da Floresta" em defesa da Floresta Amazônica busca unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta,além de ser um instrumento da reforma agrária desejada pelos seringueiros.

Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois leva estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Os financiamentos a esses projetos são logo suspensos. Na ocasião, Chico Mendes é acusado por fazendeiros e políticos locais de "prejudicar o progresso", o que aparentemente não convence a opinião pública internacional. Alguns meses depois, Mendes recebe vários prêmios internacionais, destacando-se o Global 500, oferecido pela ONU, por sua luta em defesa do meio ambiente.

Ao longo de 1988 participa da implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre. Ameaçado e perseguido por ações organizadas após a instalação da UDR no Estado, Mendes percorre o Brasil, participando de seminários, palestras e congressos onde denuncia a ação predatória contra a floresta e as violências dos fazendeiros contra os trabalhadores da região.

Após a desapropriação do Seringal Cachoeira, em Xapuri, propriedade de Darly Alves da Silva, agravam-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que por várias vezes denuncia publicamente os nomes de seus prováveis responsáveis. Deixa claro às autoridades policiais e governamentais que corre risco de vida e que necessita de garantias. No 3º Congresso Nacional da CUT, volta a denunciar sua situação, similar à de vários outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. Atribui a responsabilidade pela violência à UDR. A tese que apresenta em nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, é aprovada por aclamação pelos quase seis mil delegados presentes. Ao término do Congresso, Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT. Assumiria também a presidência do Conselho Nacional dos Seringueiros a partir do 2º Encontro Nacional da categoria, marcado para março de 1989, porém não sobreviveu até aquela data.


[editar] O assassinato de Chico Mendes
Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado na porta de sua casa por sua intensa luta pela preservação da amazônia. Casado com Ilzamar Mendes, deixou dois filhos, Sandino e Elenira, na época com dois e quatro anos de idade, respectivamente.

A justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves da Silva, responsáveis por sua morte, a 19 anos de prisão, em dezembro de 1990. Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num assentamento do Incra, no interior do Pará, chegando mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazônia, sob falsa identidade. Só foi recapturado em junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu-lhe uma segunda condenação: mais dois anos e oito meses de prisão.


[editar] Pena branda
A pena dos assassinos de Chico Mendes foi, no entanto, bem menor do que a aplicada em caso semelhante - o assassinato da missionária Dorothy Stang, morta no dia 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, no oeste do Pará. O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, mandante do crime, foi condenado a 30 anos de prisão pelo Tribunal do Júri de Belém. Com base no caso Chico Mendes, a defesa de Bida vai pedir redução de sua pena em novo julgamento. "Pena máxima é só em filme americano", acredita o advogado de Bida, Ércio Quaresma, embora seu cliente tenha demonstrado personalidade violenta, inadaptada ao convívio social, e seja culpado de crime hediondo com propósito de exterminar a vítima covardemente, segundo o Conselho de Sentença, que lhe negou o direito de recorrer da sentença em liberdade.


[editar] Benefício para o mandante do crime
Em dezembro de 2007, na mesma semana em que o assassinato de Chico Mendes completava 19 anos, uma decisão da juíza Maha Kouzi Manasfi e Manasfi beneficiou o fazendeiro Darly Alves da Silva com a prisão domiciliar até março de 2008, no conforto na casa-sede da Fazenda Paraná, em Xapuri, local onde a morte de Chico Mendes foi tramada e onde o fazendeiro poderá cuidar de uma gastrite crônica. Darly havia sido recolhido ao cárcere de Rio Branco em agosto de 2006, depois de ter sido julgado e condenado em júri popular como mandante do crime. [2]. Após o assassinato de Chico Mendes se juntaram mais de trinta entidades sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas para formar o "Comitê Chico Mendes". Eles exigiram providencias e através de articulação nacional e internacional botaram pressão nas órgãos oficiais para que o crime seja punido. Em 1990 os fazendeiros Darly e Darcy Alves da Silva foram considerados culpados do assassinato e condenados a 19 anos de reclusão. Em 1993 eles escaparam da prisão e foram novamente captados em 1996. O caso Chico Mendes despertou pela primeira vez a atenção internacional para os problemas dos seringueiros. Através do assassinato, Chico Mendes tornou-se mais uma vez representante dos muitos outros moradores da floresta assassinados, desapossados ou ameaçados...


[editar] A história recontada na TV e no cinema
Em "Amazônia em Chamas", lançado em 1994 pela Warner Brothers associada à produtora HBO Pictures, Chico Mendes é representado pelo ator Raúl Juliá.

Em Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, minissérie escrita por Glória Perez e produzida pela Rede Globo em 2007, o ator Cássio Gabus Mendes interpreta o papel de Chico Mendes adulto.


[editar] E depois de tudo
Como resultado da luta de Chico Mendes, o Brasil tinha, em 2006, 43 Reservas Extrativistas (Resex) que abrangem 8,6 milhões de hectares e abrigam 40 mil famílias. Este tipo de Unidade de Conservação (UC) de uso sustentável garante legalmente a preservação dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, a manutenção da atividade econômica e a posse coletiva da terra pelas populações tradicionais (seringueiros, castanheiros, babaçueiros, caiçaras etc). A criação de uma Resex e a regularização fundiária estabelecida por ela, permitem a esses grupos ter acesso a financiamento agrícola, programas de segurança alimentar e investimentos na comercialização de seus produtos. Também fica mais fácil conseguir a construção de escolas e postos de saúde. [3]
Em 1989, o Grupo Tortura Nunca Mais, uma ONG brasileira de Direitos Humanos, criou o prêmio Medalha Chico Mendes de Resistência uma homenagem não só ao próprio Chico Mendes, mas também a todas as pessoas ou grupos que lutam pelos Direitos Humanos e por uma sociedade mais justa. O prêmio é entregue todos os anos e personalidades como Dom Paulo Evaristo Arns, Jaime Wright, Luísa Erundina, Hélio Bicudo, Paulo Freire, Barbosa Lima Sobrinho, Herbert de Souza, Alceu Amoroso Lima, Luís Fernando Veríssimo, Zuzu Angel, Oscar Niemeyer, Brad Will e organizações como a Human Rights Watch, Anistia Internacional, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Centro de Mídia Independente (CMI) e a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo já receberam a homenagem. [4]

Fonte: Wikipedia